Desafiado por uma amiga,
responsável pela empresa que tem executado a limpeza de linhas de água,
aproveitei a manhã ensolarada de sábado, para partir à descoberta de mais
trilho. Este é um daqueles locais onde, ou aproveitamos para passar agora, ou
daqui a uns meses só veremos canavial e silvado.
Com o percurso planeado: mochila
às costas, máquina fotográfica na mão, GPS ligado,... e assim começou mais uma
aventura
Iniciei o percurso pelo Estradão
até ao Fundo das Vinhas. Num olhar mais atento, vislumbrei um edifício que
pertence à Quinta dos Vieiras… sem pensar duas vezes, atravessei a vinha para
apreciar este belo recanto. Apesar de sempre ter conhecido a quinta do lado de
fora da vedação, da sua história, pouco conheço, mas fiquei curioso para
descobrir mais... (talvez numa próxima aventura).
Regressei ao trajeto planeado. Sem tardar, saí do Estradão e aproximei-me da Ribeira. Um dos perigos para o qual me tinham alertado era os poços à superfície, sem proteção – e são inúmeros. Alguns sinalizados, outros nem por isso, numa espécie de campo de minas onde todo o cuidado é pouco. Alguns não serão poços, mas sim covas do bagaço: local onde se guardava o bagaço para adubar as terras.
Ribeiro e poço lado a lado |
Passagem de margem de outros tempos |
Poços encostados à Ribeira. Poços na encosta. Poços aqui e mais poços
ali… todo isto reservava água para regar as terras que por aqui eram
cultivadas.
Poço em encosta |
Poço quadrado |
Poço murado |
Segui viagem Ribeira abaixo… em
diversas partes encanada, com muros em pedra.
A Ribeira e os Sobreiros |
Ribeira encanada / murada |
Mais à frente, acabei por encontrar outro encanto - uma nora de tracção animal. Junto a ela, uma forquilha e um gadanho, esquecidos por quem trata o campo como ele merece.
Nora |
Forquilha e gadanho |
Fotos tiradas. Publicação no facebook
para fazer inveja a quem não gosta de sair cedo da cama... e, fui descendo
a Ribeira da Benaprês.
Pelo caminho só se ouvia a água a correr e os pássaros a cantar…
Ribeira da Benaprês |
Passei por um tanque destruído, devido à movimentação de terras. Mais à frente, um poço camuflado com as folhas das canas, e um pouco mais abaixo a falha da Ribeira - devido à Ribeira ser encanada, é fácil detectar qualquer alteração do seu antigo percurso. Cem metros à frente, a água desaparece como por magia e volta-se a ver a luz do dia, já no seu percurso natural.
Falha da ribeira |
Continuei a descer o vale, vislumbrei mais um poço com o seu engenho já
destruído. E continuei o meu caminho, seguindo pelo leito da ribeira abaixo.
Poço |
Mais uma nascente de água
férrea e mais um tanque com a inscrição “19-9-1944” – provavelmente a data da
sua construção.
Já ao chegar ao fim da Ribeira da
Benaprês, deparei-me com a dificuldade de ultrapassar alguns obstáculos como:
declive acentuado e a vegetação natural. De pedra em pedra, tentando fintar a
água límpida que corria, eis que ultrapassei a parte mais difícil. Deparei-me
com as quedas de água, embora que em miniatura, mas sempre belas, aqui presentes.
Mais uma meia dúzia de
passos e cheguei finalmente ao trilho “No Rasto dos Templários”...
Ponte do GCBarquinhense |
O percurso planeado era subir o Vale Grande até ao Caneiro de Baixo.
Estudando a melhor abordagem |
Quando fui para iniciar a subida,
reparei que o mesmo não tinha sido limpo, o que aumentaria o grau de
dificuldade. Em “modo javali”, segui vale acima: numa primeira parte, segui por
vestígios de um caminho antigo, sendo que depois, com receio de cair em poços
escondidos na vegetação, optei por fazer o resto da subida a meia encosta do
lado esquerdo do vale.
Paisagem a meio da subida |
Meia hora depois, acabava mais um
passeio, à descoberta de mais um recanto da nossa aldeia.