sexta-feira, 19 de maio de 2017

A Buraca dos Mouros

MOUROS e MOURAS

As lendas de Mouros e Mouras são histórias existentes em praticamente todo o país. Pensa-se que a ideia original dessas personagens remonte a tempos pré-históricos, sem que tenham a mesma denominação. A presença árabe no nosso país acabou por influenciar a denominação de mouros e mouras a essas mesmas personagens.

A moura


A Buraca dos Mouros

A Buraca dos Mouros localiza-se nos Matos (freguesia de Praia do Ribatejo), junto à margem direita do rio Zêzere.
Um levantamento arqueológico levado a cabo em 1991, por alunos da escola de V.N. da Barquinha contém o relato de uma moradora dos Matos à época, Srª Maria Fernanda – “informou-nos sobre um buraco existente a meia encosta, onde diziam que habitar Mouros e que tinha salas onde existiam pequenos potes.
Devido à elevada densidade de vegetação na época não foi possível encontrar o tal buraco, deixando apenas informação de um possível local da Buraca dos Mouros.
Em nota, é apontada a probabilidade do buraco ser uma mina ou uma espécie de exploração mineira a céu aberto (ambas abundantes na região).

Anos mais tarde jovens limeirenses voltaram a “investigar” esta lenda e ir embosca da buraca mas nada encontraram.

Esta localização distancia-se cerca de 150mts da indicada em carta militar, à escala de 1/25000, apontada durante o levantamento de 1991.

Última localização conhecida

A localização indicada a esses jovens (acima indicada), é um local que diferencia-se da zona envolvente devido a ser uma encosta rochosa, em jeito de escarpa, tendo uma densidade de arbustos e matos menor que a envolvente. 

Escarpa vista do trilho

Não tendo ainda encontrado a Buraca da Moura encontramos uma maravilhosa paisagem do topo do rochedo.
Chegar ao topo da escarpa é algo difícil, devido às condições do terreno (vegetação, pedras soltas, inclinação). Para quem o quiser fazer, existe uma espécie de "carreiro" que permite fazer a sua subida sem necessidade de material de escalagem. E lá do topo, a vista sobre o Zêzere é digna de ser apelidada de "Miradouro Natural".


Um belo Miradouro Natural

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Azenhas do Zêzere (parte 2)

Azenha de Pelores


O local era composto pela azenha, o açude e a casa da moleira.
O açude que servia para desviar água para a azenha, fazendo a roda girar, já não existe. Era feito em madeira (estacas e tábuas). Vários anos depois da azenha não funcionar, pescadores destruíram-no com a intenção que o peixe subisse rio a cima, tornando o rio navegável desde a barragem de Castelo de Bode até à foz do Zêzere (Constância).

A casa da moleira está em ruínas devido à queda de árvores sobre a casa. As paredes que estão erguidas junto a azenha fazem parte dela. Aqui era onde se guardava a farinha e os cereais que as pessoas traziam.

A azenha ainda permanece minimamente intacta. Devido às cheias, que modificam o rio, a azenha não tem qualquer água junto dela. No exterior ainda se encontra a roda de ferro e o que sobra de uma das mós (entre a azenha e a casa da moleira). 
Não há data certa de quando a azenha deixou de funcionar mas já em 1975 já a mesma estava abandonada. Havia quem fosse para aquelas margens pastar o gado e se abrigasse na azenha.


A Roda 
O que sobra da mó



Histórias das gentes daquele tempo

“Durante a grande guerra (2ª Guerra Mundial), numa altura de fome, os nossos pais mandavam-nos a nós à azenha. Éramos cachopos e lá íamos, com as sacas de trigo ou milho, caminho fora até a azenha, para que fizessem a farinha.
Como não havia dinheiro e a miséria era muita, os moleiros só nos entregavam a farinha se fossemos apanhar lenha. 
Apanhávamos a lenha da margem de cá e da margem de lá. Para ir ao outro lado buscar a lenha à outra margem fazíamos um cordão humano sobre o açude. Dávamos as mãos uns aos outros e assim é que juntávamos lenha para trocar pela farinha. 
Um dia, a tia Amélia escorregou do açude e foi arrastada pela corrente. Nós aflitos a vermos que ela ia rio abaixo não a conseguíamos tirar de lá. Lá foram os moleiros tira-la do rio senão tinha morrido lá.”

(contado pela senhora minha avó, Maria Alice)



Esta pode ser visitada ao percorrer o Trilho no Rasto dos TempláriosO CCDL (Centro Cultural e Desportivo Limeirense) com o apoio da junta de freguesia da Praia do Ribatejo promoveram à limpeza do trilho em Junho de 2016. A azenha, apesar do abandono, tem sido preservada e limpa por dois ou três pessoas do Cafuz por iniciativa própria, por gosto da natureza e do reviver outros tempos longínquos.