Mais um dia para partir à descoberta: desta vez passei a extrema
do concelho e decidi fazer a subida do trilho do Nabão - desde a foz até à antiga
Fábrica de Papel da Matrena. Depois de várias caminhadas e trails organizadas pelas associações da Linhaceira e Pastorinhos (e talvez outras que agora não me
recordo) que não tive oportunidade de participar, é agora momento de ver o que este
Nabão tem para mostrar. Em trilho de terra batida. Junto ao rio Nabão, apesar de a vegetação por
vezes o cobrir de tal forma que só ouvimos o correr de água. Todo o percurso tem, apenas, duas ou três partes mais desviadas do rio e são raros os declives acentuados.
Depois de passar pela foz e pela extrema do concelho, na ribeira da Perdigueira, passamos ao lado de um açude destruído, mas com algumas partes ainda visíveis. Entramos trilho a dentro, e devido à manutenção feita para o trail do Nabão, podemos observar que o percurso é bem visível.
Pelo trilho fora fui fotografando o que de melhor esta paisagem tem: um velho
barco abandonado que já deve ter estado cheio de peixe e hoje está cheio de
água; algumas casas: umas em pedra outras já em tijolo que provavelmente
serviam para os que do rio viviam; um poço e, num olhar mais atento descubro um
outro barco abandonado, este já soterrado.
Comecei a ouvir o som mais inquietante da água, mas a vegetação densa não deixou ver do que se tratava. Como sempre lá tive que ir a fura-mato a desvendar aquele
mistério e ver o que era. Depois de uns arranhões das silvas e de
ultrapassados uns quantos arbustos lá vislumbro um pequeno açude de estacas. Bela
obra de engenharia genuína. O açude não era grande coisa mas nestes vales todo
o pequeno regato faz um ensurdecedor barulho.
Depois de mais umas centenas de metros a trilhar caminho fora, comecei a ouvir novamente a água, e vislumbrei um novo açude, apelidado logo por mim como “Açude dos Pedregulhos”, ou não fosse composto por vários pedregulhos sendo que um é mesmo enorme. Depois de encontrar os melhores ângulos para capturar tamanha beleza, lá me pôs novamente a caminho.
Mais à frente, deparei-me com uma parede enorme. Achei estranho tal coisa ali e, depois de seguir mais um pouco é que reparei que se tratava nada mais nada menos que de um enorme moinho ainda com o seu açude. Apaixonado por coisas como estas, fiquei logo felicíssimo, só por esta “descoberta”. Depois de fotografados alguns detalhes, chegou o momento de seguir o caminho.
Mais um barco. O trilho sempre plano, descobre-se uma ponte contruída artesanalmente que dá acesso a um antigo tanque de lavar a roupa. Passa-se ao lado de mais um
moinho, este já reconstruído e habitado.
Chega o momento em que o trilho se afasta do rio. Mas como sempre, segui o meu lado de louco e decidi seguir em frente por um “carreiro de cabras”. Acabei a atalhar sobre escarpas rochosas, na tentativa de captar um belo cenário do vale do Nabão.
Sigui viagem, o fim já devia estar próximo. E acabei por “descobrir”
mais um moinho, e se o Geocaching não me engana, este será o Moinho da Varunca.
Apesar do seu estado de conservação não ser o melhor, é admirável tal envergadura
para o local em que está e à data em que deve ter sido construído. Já diz o
ditado “A necessidade aguça o engenho”.
Depois de mais umas fotos para mostrar aos facebookianos o que há para além do que se vê das estradas de alcatrão, lá segui para a recta final da minha viagem.
Chegado à “meta”, na Fábrica de Papel da Matrena, é altura de capturar este belo cenário, o qual se enquadra nas margens do Nabão: a ponte, conta com mais de 300 anos de existência e a fábrica, tem cerca de 100 anos. Apesar do estado de abandono proporciona umas fotografias espectaculares.
Resumindo: Foz do Nabão > Matrena [percurso linear | +- 6 km | dificuldade média]
Recomenda-se a todos os amantes de caminhadas onde a banda sonora é a natureza.